Jornalismo em tempos de guerra

O jornalismo, em sua função primordial de informar com responsabilidade sobre os acontecimentos de relevância coletiva, é um dos principais mecanismos que contribuem para garantir a liberdade, fortalecer a democracia e fomentar o acesso à educação.

 

Em momentos de conflitos fica ainda mais nítida a importância da cobertura da imprensa e do jornalismo cumprirem seu papel. É comum durante esse tipo de acontecimento, algumas informações serem passadas de forma distorcida, ou mesmo limitada, por políticos e líderes em prol de interesse próprio. Por isso é tão importante que a mídia esteja in loco para garantir as informações verídicas e atuais sobre a situação dos conflitos que impactam os países de todo o mundo.

 

Como acontece a apuração jornalística em momentos de Guerra

 

A presença do jornalista na guerra é indiscutível. Nada substitui a vivência do correspondente na zona de conflito. Durante uma guerra, a informação não é muito confiável já que a maioria das fontes tem algum tipo de interesse próprio ao revelar o que sabe. Se estando lá já é difícil não ser manipulado, imagina se não estiver.

 

O papel da imprensa nesses casos é mais do que relatar a guerra. Os profissionais em campo contribuem para que as pessoas compreendam a crise e seus desdobramentos, denunciam abusos e violações dos direitos, além de expor o lado humano da história.

 

O correspondente se desloca para regiões de conflito, enfrentando uma das formas mais perigosas de atuação no jornalismo. Nos locais, eles se aproximam o suficiente para acompanhar os acontecimentos e então produzirem o material (escrito, imagem ou gravações), e o maior desafio na verdade talvez seja traduzir o cenário complexo à maioria das pessoas que não acompanham os conflitos.

 

Com o progresso da tecnologia e a explosão comunicacional permitida pela modernidade o trabalho dos profissionais ficou um pouco mais fácil, antes era comum que longos relatórios fossem escritos no fim dos conflitos. Atualmente a realidade é outra e os acontecimentos podem ser acompanhados ao vivo por canais de notícias 24 horas ou mesmo pelas redes sociais, o que gerou um aumento da demanda para essa cobertura.

 

Conflito Ucrânia x Rússia

 

A cobertura de imprensa se mostrou necessária nos últimos grandes conflitos da humanidade e se mostra mais uma vez diante da guerra estabelecida atualmente entre os governos da Ucrânia e da Rússia.

 

Após anos de censura e ameaças a jornalistas, a imprensa já vivia um momento complicado na Rússia, porém a situação ficou ainda pior. Em busca de segurança uma parte significativa da mídia acabou deixando o país, só nas primeiras semanas de conflito foi contabilizada a saída de mais de 150 jornalistas pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

 

No dia 4 de março a situação ficou ainda mais complexa já que foi aprovada uma lei que prevê até 15 anos de prisão para jornalistas que divulgarem o que o governo considerar fake news sobre a guerra na Ucrânia, isto é, informações que o governo discorde.

 

Vários dos profissionais da informação começaram então a se instalar em países próximos para continuarem acompanhando as movimentações. Se não fosse pela mídia independente, é provável que a população russa só tivesse acesso às notícias publicadas pelos veículos de imprensa do governo.

 

Mesmo com a tentativa de boicote à liberdade de imprensa, a propaganda da Rússia não vem resistindo ao ativismo digital dos ucranianos. Com as redes sociais as informações não conseguem mais ser censuradas como antes, já que o compartilhamento se tornou mais simples, e são os profissionais envolvidos em todo o processo que permitem isso.

 

O que podemos fazer como agentes da comunicação?

 

Recentemente presenciamos perfis no Instagram e Twitter, por exemplo atualizarem quase que em tempo real todas as notícias sobre o início dos bombardeios na Ucrânia, realidade que seria impossível em conflitos que aconteceram há décadas atrás. Nesse sentido podemos observar o quanto as redes sociais e a internet vêm contribuindo para a disseminação da  informação de forma mais democrática e acessível a todos.

 

Apesar da enorme importância de se ter profissionais da comunicação nos locais, é necessário ainda que a informação seja replicada da forma correta pelos veículos ao redor do mundo. Como agentes da comunicação é preciso compartilhar das notícias sobre os acontecimentos de interesse coletivo com responsabilidade e verdade.

 

Texto por: Gabriela Francis

 

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Redação FC

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