Jornalismo em tempos de guerra
- 30 mar 2022
- 0 comentários
O jornalismo, em sua função primordial de informar com responsabilidade sobre os acontecimentos de relevância coletiva, é um dos principais mecanismos que contribuem para garantir a liberdade, fortalecer a democracia e fomentar o acesso à educação.
Em momentos de conflitos fica ainda mais nítida a importância da cobertura da imprensa e do jornalismo cumprirem seu papel. É comum durante esse tipo de acontecimento, algumas informações serem passadas de forma distorcida, ou mesmo limitada, por políticos e líderes em prol de interesse próprio. Por isso é tão importante que a mídia esteja in loco para garantir as informações verídicas e atuais sobre a situação dos conflitos que impactam os países de todo o mundo.
Como acontece a apuração jornalística em momentos de Guerra
A presença do jornalista na guerra é indiscutível. Nada substitui a vivência do correspondente na zona de conflito. Durante uma guerra, a informação não é muito confiável já que a maioria das fontes tem algum tipo de interesse próprio ao revelar o que sabe. Se estando lá já é difícil não ser manipulado, imagina se não estiver.
O papel da imprensa nesses casos é mais do que relatar a guerra. Os profissionais em campo contribuem para que as pessoas compreendam a crise e seus desdobramentos, denunciam abusos e violações dos direitos, além de expor o lado humano da história.
O correspondente se desloca para regiões de conflito, enfrentando uma das formas mais perigosas de atuação no jornalismo. Nos locais, eles se aproximam o suficiente para acompanhar os acontecimentos e então produzirem o material (escrito, imagem ou gravações), e o maior desafio na verdade talvez seja traduzir o cenário complexo à maioria das pessoas que não acompanham os conflitos.
Com o progresso da tecnologia e a explosão comunicacional permitida pela modernidade o trabalho dos profissionais ficou um pouco mais fácil, antes era comum que longos relatórios fossem escritos no fim dos conflitos. Atualmente a realidade é outra e os acontecimentos podem ser acompanhados ao vivo por canais de notícias 24 horas ou mesmo pelas redes sociais, o que gerou um aumento da demanda para essa cobertura.
Conflito Ucrânia x Rússia
A cobertura de imprensa se mostrou necessária nos últimos grandes conflitos da humanidade e se mostra mais uma vez diante da guerra estabelecida atualmente entre os governos da Ucrânia e da Rússia.
Após anos de censura e ameaças a jornalistas, a imprensa já vivia um momento complicado na Rússia, porém a situação ficou ainda pior. Em busca de segurança uma parte significativa da mídia acabou deixando o país, só nas primeiras semanas de conflito foi contabilizada a saída de mais de 150 jornalistas pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
No dia 4 de março a situação ficou ainda mais complexa já que foi aprovada uma lei que prevê até 15 anos de prisão para jornalistas que divulgarem o que o governo considerar fake news sobre a guerra na Ucrânia, isto é, informações que o governo discorde.
Vários dos profissionais da informação começaram então a se instalar em países próximos para continuarem acompanhando as movimentações. Se não fosse pela mídia independente, é provável que a população russa só tivesse acesso às notícias publicadas pelos veículos de imprensa do governo.
Mesmo com a tentativa de boicote à liberdade de imprensa, a propaganda da Rússia não vem resistindo ao ativismo digital dos ucranianos. Com as redes sociais as informações não conseguem mais ser censuradas como antes, já que o compartilhamento se tornou mais simples, e são os profissionais envolvidos em todo o processo que permitem isso.
O que podemos fazer como agentes da comunicação?
Recentemente presenciamos perfis no Instagram e Twitter, por exemplo atualizarem quase que em tempo real todas as notícias sobre o início dos bombardeios na Ucrânia, realidade que seria impossível em conflitos que aconteceram há décadas atrás. Nesse sentido podemos observar o quanto as redes sociais e a internet vêm contribuindo para a disseminação da informação de forma mais democrática e acessível a todos.
Apesar da enorme importância de se ter profissionais da comunicação nos locais, é necessário ainda que a informação seja replicada da forma correta pelos veículos ao redor do mundo. Como agentes da comunicação é preciso compartilhar das notícias sobre os acontecimentos de interesse coletivo com responsabilidade e verdade.
Texto por: Gabriela Francis
Redação FC
Publicações recentes
- 7 sinais de que sua empresa precisa de uma assessoria especializada em gestão de crise 24 de setembro de 2024
- TV é a principal fonte de notícias para 63% dos brasileiros13 de agosto de 2024
- 5 estratégias de imprensa para construção de uma reputação sólida7 de agosto de 2024
- O que NÃO é assessoria de imprensa?29 de maio de 2024
- Posicionamento em momentos de crise23 de maio de 2024