Banco Mundial considera Programa SC Rural referência para estados e países

Evento promovido pelo Programa SC Rural, em Florianópolis, resgatou práticas conservacionistas e metas conquistadas com os Programas Microbacias 1 e 2, nas décadas de 80 e 90, respectivamente, e pelo SC Rural, que iniciou em 2011 e segue até 2016, com foco na competitividade para organizações da agricultura familiar catarinense. Os três programas são resultado de contratos entre o governo do estado de Santa Catarina e o Banco Mundial (Bird).  Durante o encontro, dirigentes de 12 países e técnicos de programas semelhantes desenvolvidos com apoio do banco em oito estados brasileiros conheceram as práticas catarinenses. A equipe do Bird também conferiu os resultados e avaliou o andamento do Programa SC Rural, que é supervisionado duas vezes ao ano.  

 

Nesta entrevista o economista e gerente de projetos do Banco Mundial para o Brasil, Diego Arias, analisa os resultados dos 30 anos da parceria com o governo catarinense. Ele revela que o estado é referência em projetos para o desenvolvimento rural e agricultura familiar.

 

(SC Rural) – Qual avaliação da missão do Banco Mundial ao analisar os resultados do SC Rural?

Diego Arias – O banco considera que quanto às metas físicas previstas o projeto está muito bem e em certas áreas supera previsões: 50% dos recursos do empréstimo foram desembolsados em 70% do tempo, temos 24 meses para desembolsar os outros 50%. Mas acreditamos que agora com o ritmo das atividades e a execução dos planos de negócios, das atividades de apoio como estradas, recursos hídricos, turismo, certificação animal e vegetal, vamos conseguir não somente atingir as metas, mas também desembolsar os recursos do empréstimo no tempo programado. O projeto demorou um pouco no começo, sobretudo na área financeira, tivemos problemas orçamentários nas diferentes executoras, que foi resolvido no segundo ano. Começou com demora, mas na medida em que o SC Rural já é mais conhecido pelos executores, Epagri e demais envolvidos, o ritmo acelera.

 

(SCR) – Como foi a audiência do banco e dirigentes do SC Rural com o governador Raimundo Colombo?

Diego – Diante das possibilidades de algumas pastas terem novos secretários em janeiro, o governador destacou a importância do SC Rural,  Bird e os novos envolvidos nas executoras se reunirem  em janeiro para apresentar o SC Rural e solucionar os gargalos existentes. Esperamos que com a reunião possamos resolver alguns gargalos e fortalecer ainda mais o projeto.

 

(SCR) – Outro assunto dessa missão do Banco Mundial foi o evento que comemorou os 30 anos dos programas Microbacias 1 e 2 e do SC Rural, todos desenvolvidos através de contratos com o governo catarinense. Como foi o evento?

Diego – Para o banco o evento foi muito proveitoso e um êxito nos dois objetivos. Primeiro resgatar a história do que tinha acontecido, da evolução desse apoio à agricultura familiar e ao desenvolvimento rural do estado. Foi uma experiência muito rica, o evento conseguiu documentar e discutir essa história, sobretudo para o conhecimento dos novos técnicos que estão chegando agora ao programa. O segundo objetivo foi direcionar um olhar para o futuro – para Santa Catarina e também para o resto do Brasil. Porque tivemos aqui nos visitando 15 funcionários do Banco Mundial que trabalham em diferentes áreas em diversas regiões do mundo, e também convidamos técnicos representantes de outros estados que trabalham em projetos de desenvolvimento rural e agricultura familiar apoiados pelo banco em seus estados. Tivemos oito estados presentes e a aprendizagem destes 30 anos – que foram apresentados no evento – foram muito proveitosos tanto para os funcionários do banco como para os técnicos de outros estados. Após o evento realizamos visitas em projetos de campo e o pessoal todo considera Santa Catarina como uma experiência muito importante para todos os países e outros estados que queiram conseguir esse apoio à agricultura familiar, para vincular ela com o mercado e com os serviços públicos.

 

(SCR) – O Programa aqui em Santa Catarina é referência para o Banco na Agricultura Familiar?

Diego – Efetivamente. Já está servindo como exemplo há alguns anos e esse evento conseguiu reunir de forma efetiva o pessoal do Banco com outros projetos no Brasil. E o que é um desafio para outros estados e também para outros países é conseguir o nível de organização e de visão de mercado que existe em Santa Catarina. Hoje os projetos estruturantes não são apenas uma adição de planos de negócio mas tem um sentido de inter-relação entre eles com efeito multiplicador. Eles criam não somente renda, mas também empregos, demanda e oferta de produtos numa cadeia ou numa região que, mesmo que seja mais complexo preparar esses projetos, eles têm um impacto maior. Muitos projetos em outros estados estão olhando a experiência em Santa Catarina como uma lição.

 

(SCR) – Diante dessa constatação, é possível prever outras ações em parceria entre o Banco e o Governo de Santa Catarina?

Diego – Nesta missão fomos acompanhados pela diretora do banco, Deborah Wetzel, e ela colocou para o governador que para a instituição é importante que o Santa Catarina Rural finalize com êxito. Então, temos o desafio de desembolsar esses 50% dos recursos em 24 meses. O banco tem todo o interesse de continuar a parceria com o governo, mas como os grandes níveis de pobreza rural estão no Norte e Nordeste, para continuar essa parceria o estado tem que continuar sendo um exemplo. Então temos como primeiro desafio fechar com êxito em 24 meses e com certeza vamos conseguir continuar essa parceria, que não é somente um apoio financeiro e assistência técnica do banco, mas um modelo para outros estados e projetos.

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