Jornalista, este ser incompreendido e essencial
- 07 abr 2019
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Ridicularizados, cerceados, ameaçados de morte, mortos. A queda da liberdade de imprensa e de expressão em centenas de países coloca em risco o exercício de uma profissão absolutamente necessária para o desenvolvimento de uma sociedade saudável e democrática. Parabéns aos colegas, 7 de abril é o dia do jornalista!
Nunca foi tão difícil ser jornalista e, ao mesmo tempo, tão necessário. Ironicamente, enquanto o modelo econômico do jornalismo praticado pela humanidade até aqui esteja em pleno xeque-mate, com milhares de redações fechando, jornais impressos acabando e leitores no mundo inteiro se abastecendo das conturbadas, pobres e falsas notícias nas redes sociais, o profissional formado em Jornalismo nunca foi tão essencial para o equilíbrio mental da sociedade. Queiram ou não queiram, gostem ou não, a verdade é que sempre coube ao jornalista restabelecer as verdades e trazer à tona a informação precisa, a realidade dos fatos vividos, os testemunhos reais. Ou você não é daqueles que vê uma informação bizarra na rede social e imediatamente corre para o site de um veículo de comunicação confiável para checar a veracidade? Praticamente todo mundo faz isso. Jornalista virou uma espécie de bússola nesse mar de fake news com tanta gente à deriva.
Mas a realidade é dura para quem exerce a profissão. Um informe da Unesco mostra que a liberdade de imprensa anda em queda em nada menos que 132 países, tipo saiu de moda mesmo. Na mesma proporção, é notório o aumento da violência contra os jornalistas em todo o mundo: foram 530 profissionais assassinados no trabalho entre 2011 e 2016 (última contagem mundial), sendo 125 só na América Latina. E já descobriram também que sai barato e vale bem a pena para os agressores correr o risco de matar, já que apenas um caso a cada dez mortes vão parar na Justiça. Esta realidade traz outro efeito colateral péssimo, que é a autocensura, com milhares de jornalistas que diariamente omitem casos de violação aos direitos humanos e políticos praticados por governos pouco simpáticos à publicação de suas atividades covardes ou ilícitas exercidas contra o povo que deveria representar e defender. Por isso é prudente, antes de atacar um veículo ou um jornalista especificamente, buscar pesquisar sobre sua trajetória e ver o que realmente está por trás deste sentimento de raiva muitas vezes orquestrado e plantado por interesses escusos.
Além de morte e perseguição, jornalistas também sofrem o desafio de terem optado por uma das profissões mais mal remuneradas do mundo. Você acha que um professor de escola pública ganha mal, e é verdade. Mas tente perguntar no jornal que você lê ou na tevê a que você assiste quanto pagam ao jornalista. Chega a ser vergonhoso se considerarmos a responsabilidade de ser um curador da notícia que chega a milhões de pessoas, de garantir informação correta e de qualidade, de manter a sociedade tranquilizada e informada a respeito das coisas mais básicas à sobrevivência humana, como uma simples campanha de vacinação de febre amarela, ao desafio de noticiar com respeito e precisão as catástrofes e tragédias. Somem-se a isso os riscos implícitos no exercício cotidiano da profissão, como o subir o morro para a cobertura de uma ocupação e não saber se vai voltar vivo para casa, ou o stress de não ter como se preparar para uma entrevista ao vivo que vai entrar no ar em 20 minutos.
Muitas vezes, quem não está nos bastidores não dá valor ao trabalho desse profissional e nem consegue dimensionar os prejuízos sociais e econômicos que sua ausência acarretaria. Por isso é recorrente sermos ridicularizados, termos nossa vida exposta ao menor sinal de falha, sermos agredidos verbal e fisicamente, virarmos chacota pública e, o pior de tudo, sermos vítimas de campanhas estrategicamente pensadas pelo submundo da política. Não caia nessa. Jornalista nunca foi tão essencial. Tanto é verdade que as novas estruturas profissionais surgidas com a inovação tecnológica está nos imputando funções que máquinas e softwares jamais as substituirão. Uma delas é o de “nexologista”. Já ouviu falar? Então anota aí que este será o nosso papo para a próxima coluna!
Karin Verzbickas
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